quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (X)

Irmão do Amor - Amor proibido

Perdi-te sem nunca te ter tido
Vivemos em mundos diferentes
Tu vais para Norte quando eu sigo para Sul
Quando a teu lado passei a névoa encobriu-te

Estamos destinados a um caminho sem retorno
Longe do local em que irmãos fomos
O Sol desceu aos infernos mas eu não o vi
O meu destino é estar longe de ti

Ao longo dos campos destruídos
O teu coração batalhava
Tua memória não me abandonou
Neste baptismo de fogo que me auto-consumia

Digo adeus ao passado e a ti
Todos temos de morrer um dia
Mas estará para sempre escrito nas estrelas
Que tu serás a Luz que me alumia.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, sem data)


terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pensamentos (II)

Entre os 3 e os 30 anos ajudei os meus pais a vender em feiras de Velharias, Antiguidades e Coleccionismo aos fins de semana.
Desde a Feira da Vandoma (realizada todos os Sábados, durando todo o dia, nas ruas em redor da vetusta Sé do Porto e algum tempo depois transferida para as Fontainhas), Feira da Praça de D. João I (decorrendo aos Domingos de manhã, no Porto), a "Feira dos Peludos" em Espinho (no primeiro Domingo de cada mês, durando também todo o dia), a Feira dos Golfinhos em Matosinhos, Feira das Velharias de Aveiro (realizando-se todos os 4º Domingos de cada mês - à excepção quando calhava em feriado, antecipando-se nesse caso para o Domingo anterior), Coimbra (todos os 4º Sábados de cada mês), Lisboa (a já velhinha Feira da Ladra e a Feira de Coleccionismo da Praça do Comércio - transferida depois para o Parque das Nações).
As memórias mantêm-se muito vivas.
O artesão que executava trabalhos refinados em madeira (adquiri-lhe um Anúbis e um quadro do FCP com um barco em alto relevo do qual saia a cabeça de um Dragão). Ao vendedor de cromos que eu ansiava encontrar para completar a Caderneta dos jogadores de futebol de uma certa temporada futebolística, ou do Sandokan - o Tigre de Mompracém, Star Wars e demais séries televisivas e filmes.
Os diálogos com os amigos e colegas feirantes,com clientes usuais ou meros curiosos, embalados em pano de fundo pelas cassetes de música "pimba".
Os vendedores de algodão doce e amendoins com mel.
A alegria da procura e o encontrar imensas preciosidades em lotes de moedas, selos, postais, notas, BD's, velhos alfarrábios, fotos de missões Apolo, guias de pagamentos de tropas liberais nos Açores, mapas e portulanos, Bulas de cruzada do século XVIII, uma miríade de riquezas tais, os sons, as cores, os cheiros e desamores.
Dava bem para um menino sentir que saía do seu pequeno espaço e embarcava nas maiores aventuras do Mundo que o rodeava.
Podia ser Arqueólogo a escavar uma qualquer ruína Chimú, companheiro de Viagem de Corto Maltese ou ainda o Ianes, amigo inseparável de Sandokan.
Num ápice estar lado a lado com um serviço de porcelanas chinesas, aqui um baú para restauro de um qualquer emigrado no Brasil no século XIX, ali um capacete de "bife" da Iª Guerra Mundial, com algumas condecorações a acompanhar o dito.
Tão depressa manuseava umas "Tangas" Timorenses, como uma carta de um soldado italiano preso num campo de concentração e com marcas da censura portuguesa e inglesa de 1917.
No meio destas "viagens" também sucediam alguns episódios caricatos.
Alguns deles também brejeiros. Passarei a contar um destes seguidamente.
Meus pais negociavam também com "Santinhos" - imagens de santos que pessoas coleccionavam especificamente e também faziam com estas "Registos" para uso próprio ou revenda.
Estes ditos "Registos" consistiam em pegar numa imagem de um Santo e/ou Beato específico e colocar num quadro com motivos vegetais e que teriam por fim último ser colocados num oratório, por exemplo.
Por vezes, lia algumas das dedicatórias, quadras, versos e orações que se podiam observar, geralmente num pequeno campo abaixo de cada iconografia específica.
Um dia, abaixo de uma imagem de uma Santa (não me recordo qual, especificamente) observei a seguinte quadra:

"Minha Mãe case-me cedo
Que me come a passarinha!
Oh filha, coça-a c'o dedo,
Que eu também coço na minha!"

Julgo que terá sido adquirida por alguém que nesta quadra não reparou, para efectuar um desses Registos. Um Registo malicioso, com um destino irónico deveras.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Poemas soltos (IV)

Terei medo... Temor?

Tenho medo do escuro e da noite
Do Desconhecido, do que há-de vir e da Morte
Busco saber do passado a sorte
De encontrar resposta que a ela se ajeite

Temo aquele que nos fez, pois não sei sua vontade
Sinto que já não sou o melhor dos seus filhos
Mas procuro levar à Sociedade
O sentir o bom que é pisar Seus trilhos

Haverá lugar para mim no coro dos Anjos?
Existirá ainda aqui o perfume da Pureza?
Desviado da rota p'la tentação e os desejos
Não sei que pensar... de nada tenho a certeza

Do Amor guardo comigo o conceito
Sei que com ele Deus caminha no meu peito.
Caminhará? Não o sei, pois tenho medo
E quanto mais ando mais nas Trevas me enredo.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, sem data)

domingo, 28 de dezembro de 2014

Rezas (IV) São Pedro (I) São Paulo (I) São João Evangelista (I)

Oração para rezar à noite. Visava afastar os maus espíritos.

Ôca, Marnôca
Três vezes Ôca
Pé no freio, freio na boca
Tista com Tista
Três vezes Tista
São Pedro, São Paulo, São João Evangelista
Da nossa casa assista.

Informante: António José Ferreira de Almeida Valente, 72 anos, nascido em Castelões de Cepêda (Paredes) e a viver em Vila Nova de Gaia.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (IX)

Preso ao desejo de ti...

Mente maldita que me tens cativo
Criatura patética! Como te tens iludido.
Da minha boca saem sílabas sem conexão
E nem tu nem ninguém as compreenderão

Quotidiano de um filme classe B
Onde actuo sem me interrogar porquê
Sou semente que pairo ao sabor do vento
Esperando nascer a qualquer momento

Prisioneiro do desejo carnal
Sem caminho que guie meus passos
Porque tudo o que desejo afinal
É o Amor que espero encontrar nos teus lábios

Nunca ninguém me viu chorar assim
Sem conseguir desta prisão sair
Procuro-te entre as sombras guiado por teu odor jasmim
Pensando em teu idioma corporal ao qual me quero unir.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, sem data)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Poemas soltos (III)

Amigos desaparecidos

Ainda guardo comigo a vossa imagem
Na lembrança guardo bons e maus momentos
E nestas rimas presto singela homenagem
A todos quantos viveis em pensamentos

Nos vossos rostos ainda vejo a esperança
De todo aquele que deseja ser alguém
Todos mereceis esta lembrança
Que habita em mim, vossos amigos, vossa mãe

Vossos sorrisos, amizade, simpatia
Um ombro amigo para chorar, a empatia
A coragem com que viviam o dia a dia
Vossa amizade que jamais esmorecia

Estáveis presentes em todas as ocasiões
Nos casamentos, baptizados, comunhões
Mas mesmo nos momentos de ausência
Em espírito sentia essa presença

Aguardo pacientemente o futuro
Sabendo estar também só de passagem
Esperando em corações amigos
Deixar também impressa a minha imagem.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, 13/02/2001)

domingo, 21 de dezembro de 2014

Poemas soltos (II)

Valquíria vem buscar este soldado da Paz

De novo ontem ouvi uma notícia
Sabem? Mais uma criança morreu
Vem e vai um novo dia
E mais alguém o não viveu

Eu questiono: "E até quando?"
Continuaremos cegos e surdos
Mais um corpo está tombando
Uma voz mais para o coro dos mudos

Apenas mais uma nota de rodapé
Somente menos um boletim de voto
Menos um contribuinte, um explorado até
Na última página vem a sua foto

Um rosto que como tantos outros será esquecido
Até alguém viver a mesma história
E outros protagonistas assumam os papéis
De escravos da morte que todos somos, bem o sabeis

Mais um atentado aconteceu
Mas continuásteis impávidos e serenos
Mais um soldado da Paz que morreu
Afastai-o Valquíria, dos obscenos terrenos.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, sem data)

sábado, 20 de dezembro de 2014

Pensamentos (I)

"Há uma Luz que brilha a Oriente!"

Nesta época natalícia em que se celebra o nascimento do menino-deus, a mitologia parece acompanhar-nos por onde quer que vamos e nos locais mais improváveis.
De passagem fugaz por Selmes, entre acompanhamentos e reuniões, mais uma vez alguns pormenores diferentes retiveram a nossa atenção. Num estabelecimento comercial observamos ainda hoje testemunhos desse Sul Mediterrânico, tão bem descrito por Orlando Ribeiro e outros.
Numa parede, um painel de seis azulejos retratava uma cena de inspiração grega. Num navio a remos, três figuras femininas destacavam-se, depenicando cachos de uvas. Na popa, alguns elementos cerâmicos transportavam presumivelmente preciosos néctares dos Deuses. No fundo, à direita do observador uma cidade-estado de inspiração helénica, similar a visão idílica e romântica de Atenas e do seu Pártenon.






Ao falar com a proprietária, reparamos nas prateleiras por trás de si num pequeno busto enegrecido de Tut-ank-Hamon. A única resposta que esta senhora dava ao porquê da presença de tais representações fechava-se num breve: "Porque gostamos."













Por cima de um alto e esguio frigorífico, um touro. Qual altivo pai de Minotauro mirava todo este cenário em pose desafiante. Que conversas teriam os meros mortais que lá por baixo falavam, apontando para si e outras relíquias?






No balcão, outro cliente, qual Heródoto de barba hirsuta, ao saber que a minha profissão era a de  arqueólogo discorria teorias acerca da construção das pirâmides e demais monólitos. Partilhou connosco, naqueles breves instantes uma estória acerca da irmã que tinha falecido há pouco tempo atrás... tinha emigrado em busca de um futuro melhor.
A Grécia tinha sido então a sua segunda pátria - uma vez mais o Mediterrâneo se nos apresentava, representado agora em contornos de tragédia grega.
O nosso afã diário e profissional pôs termo a estes profícuos mas breves momentos de conversa e tive de me retirar, despedindo-me de ambos amavelmente e agradecendo as fotos que aqui apresento.
Liguei o carro e passei ainda pela entrada do estabelecimento. Recordando-me de uma recolha efectuada em 2010, abri o vidro da janela e perguntei com um sorriso:
"Então e o Diabo, ainda anda à solta aqui por Selmes?"
A resposta dada pelo velho Heródoto foi reveladora:
"O Diabo? O Diabo emigrou, já cá não vive!" - Diabo era uma alcunha de um natural de Selmes que teria ido para o Algarve... Aqui pelo Baixo Alentejo, pelos vistos até o "Diabo" emigra, em busca de algo melhor... Esperamos que os que por cá chegam, assim como os que aqui nascem e vivem consigam levar a sua luta diária a bom porto e a desertificação se torne mais uma estória de um tempo mau e distante, para escutar a um Heródoto do amanhã...
Que esse futuro risonho não esteja distante, para todo e cada um de nós.
Feliz Natal a todos vós que pela net navegais.

 Alguns artigos meus acerca de Selmes (Deriva do Árabe, pronunciando-se inicialmente saléme. Nome próprio de homem, que significará salvo, livre, isento):
VALENTE, Marco (2011) – Aldrabas e batentes de Selmes: um futuro inadiável ?, In Aldraba, Boletim da Aldraba – Associação do Espaço e Património Popular, n.º 10, Lisboa, pp. 4-6;

VALENTE, Marco (2010) – Andanças do Diabo por terras portuguesas. Algumas Lendas do Norte do país e do Baixo Alentejo, In Aldraba, Boletim da Aldraba – Associação do Espaço e Património Popular, n.º 9, Lisboa, pp. 9-12

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Poemas soltos (I)

Também publicarei aqui poemas soltos de minha autoria. Porque me desafiaram a partilhar todos eles. Alguns, pelo menos, irão sendo partilhados com todos vós. E sem mais delongas, aqui seguem.

Baile de máscaras

Just Use It - diz a marca
O que tu fazes muito bem
Usas e abusas como anarca
Não tens carinho por ninguém

És a figura mais perfeita
Vives para toda a facilidade
Ela até com o Diabo se deita
A ladra da alheia felicidade

O teu falso puritanismo
Que asco até mete nojo
Tiques parvos de elitismo
Com iscas andas no bojo

As máscaras (que tu coisa usas) com a maior perfeição
São a verdade e a pureza
Oh noiva do Zé aldrabão
Amiga da mentira e da torpeza

Não te preocupes ser boçal e asqueroso
Este mundo está para ti
Oh verme gosmento e baboso
O baile de máscaras é aqui.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, 01/07/2001)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (VIII)

Só aqui vive quem não quer ver

Meu passo é inseguro e incerto
Nenhum som se escuta em meu redor
À minha frente se ergue a Céu aberto
A caverna que desce ao Mundo interior

Demando coisa mais augusta e preciosa
Perto dela o Graal parece mais ser parra
Sem uva, como flor (espinho sem Rosa)
Como acorde sem ter p'ra o tocar guitarra

Há muito que o senti pois sou diferente
Meu Deus Meu Deus, porque me abandonaste
Sozinho a afogar num Mar de gente
Que minha Dor infinda para ti baste

Não me encontro!!! Porquê?
Enganado fui e hoje vivo me enganando
Calando sou como quem não vê
A sociedade que ora vivo vomitando.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, sem data)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (VII)

O beijo que me roubaste

Fecho os olhos conseguindo ver
Quão inocente foi o teu querer
Escuto o bater de meu coração
É impossível suster a emoção

Sem cara sem nome cor ou preconceito
És tão simplesmente sentimento
Sozinhos somos imperfeitos
Unidos transcendemos o momento

O beijo que tu me roubaste
Medo e incerteza desvaneceu
E quero que esse gesto baste
Para perpetuar o amor teu

De ti nunca me esquecerei
Com essa recordação viverei
E que para tal um só gesto baste
O do beijo que tu me roubaste

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, sem data) 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (VI)

Ratos de porão

Era uma vez um poderoso navio
Cheio de marinheiros fortes e experientes
Que guiados por um poderoso sábio
Foram em busca de terras distantes

Era bonito de ver tão forte gente
Enfrentando perigos e novos inimigos
Sempre sem medo de seguir em frente
E em cada porto fazendo 100 amigos

Nos seus corações o Amor era guia
E seu espírito indomável não esmorecia
Até que porém num belo dia
Algo acontece cessando a alegria

O sábio morreu, morreu o Amor
Nos seus corações entrou agora a dor
E daqueles lábios outrora contentes
Ouvem-se agora gritos estridentes

Por artes desconhecidas mágicas talvez
Esse barco é agora um navio maldito
Destruindo outros barcos uma após outra vez
Com força apocalíptica destrói o infinito

Pois se morre o Amor, esse sábio forte
Bravos marinheiros mudam sua sorte
E num mar social coberto de destruição
Passariam a ser meros ratos de porão

Como todas as histórias que são bem contadas
Esta nos dá também sua lição
É que vidas sem Amor são meros nadas
Libertemo-nos então da escravidão
Pois amar e ser amado é a solução

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, 10/02/2001)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (V)

Somos conjuntos opostos

Quando eu digo azul tu dizes vermelho
Quero ir à Austrália, tu preferes o Alasca
Todos se interrogam qual o porquê
 - somos opostos toda a gente o vê

preferes os dias frios e chuvosos
os densos bosques de carvalhos frondosos
prefiro a praia e os dias quentes
a água do mar e as areias ardentes

gostas de canções e poemas melancólicos
de teus entes queridos tens sempre saudade
gosto de quentes danças e ritmos
de florescer e cativar nova amizade

tu vês aquilo que mais ninguém vê
eu sei aquilo que mais ninguém sabe
tu sentes que eu sinto o mesmo que tu
eu compreendo o que queres dizer

pois isto é claro como da noite para o dia
que tu me atrais e eu te atraio também
mais ninguém sabe o que sinto por ti
és tu o Sol e eu a Lua meu bem.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, 10/02/2001)

domingo, 14 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (IV)

Alma Gémea

Não disfarço ocultas intenções
Que em meu corpo nascem germinadas
Sem acomodar tais ilusões
Que rompem ao alvor das madrugadas

Pois cantando o encanto de teu corpo
Tua mente de sonho e ávidas quimeras
Tu me inebrias e infliges um sopro
Uma lufada de cândidas primaveras

Vivo ligado numa teia de ternura
Pois tu me dás carícias e poesia
E algo mais prezo para além da formosura
A divina luz que de tua alma irradia

Como vencido e rendido a teus encantos
A meu lado partilhaste a minha vida
Foste bálsamo para todos os meus prantos
Eterna companheira prometida

Seiva divina em terra conspurcada
Libertaste-me de minha escravidão
De uma vida incerta, morta, inanimada
Transformando o ódio em perdão.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, 19/02/2001)

sábado, 13 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (III)

No dia em que...

No dia em que os pássaros voltarem a cantar
Escreverei para ti mais um verso
Presente em mim estarás ao deitar e ao acordar
Meu viver será do presente o inverso

No dia em que a Lua brilhar no firmamento
Sem nuvens que escondam sua luz
Dentro de mim será mais forte o sentimento
Que da noite és a rainha que me seduz

No dia em que uma criança partilhe o seu sorriso
E que a memória da pureza renasça dentro de mim
Posso dizer que estarei no Paraíso
E para todo o sempre quererei viver assim

Nesse dia gritarão as próprias pedras
E os montes, esses gigantes adormecidos
Que o Homem que a Terra viu nascer
Está novamente no mundo dos vivos.

Marco Valente (El Mariachi, Vila Nova de Gaia, 30/01/2001)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (II)

Promessa de Amor verdadeiro

Ainda me lembro
Das promessas que fizemos
Naquele mês de Abril
Promessas ? Uma, cem, mil !!!

Os sorrisos, os olhares que trocamos,
O início, em que ambos lutamos.
Mas a força que nos unia, era simples magia
Eu já amava e tu ainda apaixonada
Uma,,, nossa relação... que utopia

Trocávamos juras eternas de amor e fidelidade
Eu já fazia planos p'ra um futuro
Pois o presente toldava-me os sentidos
Não me importava com a idade

Mas um país velho e caduco
Onde fomos ambos nascer
Não quer o Amor, mas sim luto
Não vence, faz-nos perder.

Ainda não podes ser minha
Só quero, mas não posso ser teu
E o escárnio e maldizer o nosso Amor já perdeu.

As horas passam e os dias, vazios sem terminar
Guardam feridas e o tempo... nunca as irá apagar
Sei que não foi por ti, não me querias magoar
Sei que é fácil neste mundo desistirmos de lutar

Não sei porque o fizeste ou talvez não o consiga aceitar
Sim já sei que não me amas, sim eu continuo a te amar
Talvez uma secreta esperança, talvez... ainda me faça sonhar
Não queres que te ame Amor ?
Peço-te... deixa-me Amar.

Marco Valente (Vila Nova de Gaia, 15/11/2002)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Amores Platónicos (I)

Inicio aqui uma série de poemas escritos entre 2001 e 2002 (outros sem data mas da mesma década), versando acerca da temática de Amores Platónicos, pois nos últimos tempos tenho verificado que (para algumas pessoas) todo o Amor é efémero, pelo menos do seu ponto de vista e a traição e inversão de valores é o que conta.
Sob o pseudónimo de El Mariachi (personagem interpretada por Carlos Gallardo no filme de 1992 realizado por Robert Rodriguez), escrevi estes versos que sempre mantive como pessoais, até hoje.
Acho que o abandono, desprezo e traição a que fui votado ajudou a reviver todos estes tempos...
Será que não há mesmo Amor Eterno.... serei eu sempre um Great Gatsby que só encontra Daisys no seu caminho? Quem sabe.... um dia.... a Lua que pensava já ter encontrado e que era a meu ver Eterna, me apareça ao caminho e possa verdadeiramente ser feliz... Até lá.... Ficam estes Amores Platónicos.

Beleza perdida - e encontrada
(Quatro Estações)

Eras jovem e bela Primavera
Mil sorrisos nasciam em teu rosto
Flor mais bela que ao mundo a mãe dera
Flor de noiva em grinalda posto

O Verão em teu corpo esbelto
Em mim soltava ondas de paixão
E teus seios opulentos - meu prato predilecto
Sol de desejo e sensação

Com o Outono fria não ficaste
Árvore de verde despida
Enrugada mas jamais sem vida
Confirmavas o Amor que germinaste

Ao chegar o fim da caminhada
De andares pelo Céu e pelo Inferno
Em teu sorriso vislumbro minha amada
A Primavera que virá após o Inverno.

Marco Valente (El Mariachi - Vila Nova de Gaia, sem data)

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Dedicado a todas as Mães verdadeiras deste Mundo (especialmente a minha)

O poema que seguidamente coloco online (não que seja um mestre da dialéctica ou da poesia) serve de homenagem aquela Mulher, aquela Mãe que sempre me Amou sem impor condições e verdadeiramente.
Porque Amar é aceitar o outro com seus defeitos e qualidades sem nunca o abandonar e porque infelizmente vivemos numa sociedade de burguesas e burgessas criaturas parasitárias, que nos roubam os sonhos.
Seres mimados, que nunca passaram fome nem sacrifícios e que ao primeiro desaire abandonam quem deveriam proteger e Amar.
Amo-te minha Mãe e sempre te amarei por toda a Eternidade.
Se hoje sou quem sou a ti o devo (a meu Pai também) e a mais ninguém.

Mãe
(Maria Isabel de Gouveia Valente - 10/06/1943 a 30/11/2014)

Quem foi aquela que quando me viu
pela primeira vez chorando nu e frio
logo me aconchegou, logo me sorriu
e em seu regaço com Amor me cobriu?

Quem foi aquela que quando eu corria
com um desvario, tropecei cai rompendo num pranto
logo a correr me veio valer
e me acalmou com um doce e suave canto
e sempre que eu caia logo me valia?

Quem foi aquela que me ensinou
a fazer letrinhas no meu caderninho.
Que sempre me viu como o seu pequenino
E sem nada em troca pedir, este ser Amou.

Quem foi aquela que nas dificuldades
Tudo suportou, passou necessidades
para que eu fosse Homem Bom e Justo
Com Valores, Princípios, com noção de tal custo?

Foste Tú minha Mãe Amada!!!
Mãe Querida, Doce e Adorada!!!
Ficou teu exemplo, ficou teu carinho
e p'ra sempre serei teu filho menino!

Autor: Marco Valente, Vila Nova de Gaia (escrita entre os dias 3 e 5 de Dezembro de 2014)