quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Episódios Caricatos (IV)

Esta "estória" era contada pelo meu avô, o Sr. José Lourenço de Gouveia, como uma anedota, mas que se teria passado na realidade no passado - isto de acordo com quem também a teria ouvido contar.

Uma mãe tinha três filhas, muito belas e formosas, mas eram todas as três "tatibitates".
Por vergonha, esta escondia todas as três dos olhares do povo e nasciam estórias várias acerca do porquê de ocorrer  tal situação.
Um dia, a mãe teve de sair para ir buscar haveres para casa, mas antes de o fazer, recomendou assim às suas filhas:

"Filhas, a vossa mãe tem de ir à venda buscar pão, arroz e outros mantimentos.
Não abram a porta a ninguém, pois há pessoas que nos querem mal lá fora.
Mas acima de tudo, não falem nada com ninguém!"

E, recomendações dadas, saiu porta fora.
Um belo rapaz novo, passando à porta das três irmãs, e desconhecendo que as mesmas aí habitavam (segundo uns) ou querendo ver mais de perto as três formosas adolescentes (segundo outros), bateu à porta e pediu para beber água.
As irmãs tinham receio de abrir a porta e faltar assim ao recomendado por sua mãe, mas a beleza e juventude do moço venceu-lhes os seus medos.
Abriram a porta, deixaram-no entrar e foram buscar um copo de água.
Sempre em silêncio.
Nisto, a irmã que estava a dar o copo de água ao rapaz, deixou-o cair e este partiu-se.
Diz uma delas:

"Tá tubado, tá tubado !" (Está quebrado, está quebrado!)

Diz a segunda:

"A mãe não dizia que não se fanasse!" (A mãe não dizia que não se falasse!)

Responde a última das três:

"Bem fiz eu que não fanei!" (Bem fiz eu que não falei!)

E o rapaz saiu da casa às gargalhadas, ficando as três envergonhadas e sabendo-se assim no povo que eram todas as três "tatibitates".

Informante: José Lourenço de Gouveia (já falecido), nascido e criado no Arco de S. Jorge, Santana, Ilha da Madeira.

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