Quando o Alentejo e a
Catalunha ficam tão perto….. já ali.
Procedendo a trabalhos de
recolhas de alcunhas por terras de Pias (e demais elementos arqueológico/etnográficos),
deparei-me com uma alcunha pouco comum, pensava eu, para esta terra, “Prim”.
Quem seria esta figura, ou este
local (segundo testemunhos vindos de Moura, Prim teria sido um local).
Joan Prim i Prats, foi – no dizer
de Antonio Ballesteros – “El hombre de Estado más hábil del siglo XIX”.
Nascido em Reus, a 16 de Dezembro
de 1814, faleceu, assassinado em Madrid a 27 de Dezembro de 1870.
Foi um militar e político
espanhol progressista muito influente no século XIX.
Deixo aqui o link para a
Wikipédia (que com todos os erros que possa possuir ainda se vai revelando, de
quando em vez, um ponto de partida inicial para muitas e profícuas pesquisas):
E outra publicação online, que
mais fácil se torna em termos de consulta, para quem quiser saber mais acerca
desta figura histórica:
Sabemos que o General Prim,
fugido das tropas espanholas, entregou as armas, cavalos e arreios ao
Administrador do Concelho de Barrancos, Manuel Cláudio Pulido, em 21 de Janeiro
de 1866. Ainda hoje podemos observar no Museu Arqueológico e Etnográfico de
Barrancos, a Espada do General Prim, da qual passamos a descrever, como podemos
observar no dito Museu:
“Espada do General
Prim
Período: Século XIX
(1857)
Marca: Fª D: Toledo
Características:
Espada espanhola, modelo de 1846 de tropa de cavalaria de linha. Lâmina de 86
[cm] com inscrição “Fª D: TOLEDO 1857”
Depósito temporário
do Sr. Francisco Cândido Pulido”
Verificamos que em Pias [de
acordo com informação presente na seguinte obra BORGES, Luís Figueira (1986): Monografia
de Pias, Ed. do Autor, (s/l)] o General Prim teria pernoitado uma noite,
com o seu séquito e que alguns deles poderiam ter ficado em Pias.
Teria nascido aqui e assim a dita alcunha? As pessoas mais
idosas ainda se recordam de existirem em Pias dois irmãos de seus nomes,
Domingos Prim Estrela e Manuel Prim Estrela, possuidores da alcunha que teria
perpetuado assim a memória do dito General Prim e/ou seus seguidores liberais e
progressistas.
Também por Moura, essa passagem de Prim pelo nosso País ainda
estava bem viva na memória das pessoas mais idosas. André Lopes Infante
Ferreira, 38 anos e a residir em Moura, afirmou-nos que em Moura, quando há uma
grande confusão, as pessoas mais idosas, na casa dos 70 anos, costumam ainda
hoje dizer: “Eh Pá ! Isto parece a Guerra do Prim!”. A pessoa a quem ele mais
escutou dizer tal expressão era uma mulher natural de Brinches, mas a residir
actualmente em Moura.
Assim, observamos ainda, que na memória popular, a figura
deste militar e estadista catalão, ficou impressa nestes testemunhos,
expressões e mesmo alcunhas.
Como teia de Ariadne, parecemos estar assim todos
interligados em termos de Memórias, como a célebre “Teoria dos 6º”, e que não
somos assim tão diferentes uns dos outros. Basta ir puxando o fio certo, que os
novelos se vão assim fiando e tecendo vestimentas com as quais trajamos a nossa
Memória colectiva.
Mais novidades em breve se seguirão, quanto a este
Projecto e outros. Porque também Pias merece fazer parte das nossas memórias,
sempre.
3 comentários:
Muito interessante, esta estória da História. O imaginário popular é uma fonte inesgotável. Abraço, Marco.
E como tudo parece estar interligado, e ao olhar atento se vai revelando.
Sim, o imaginário popular é extremamente rico. Abraço fraterno Luís.
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