Ao Amigo e Humanista
Luís Maçarico
As palavras cintilam
“Diante da música
Do mar de Jerba
Quais pérolas perdidas,
Frescas como o peixe
Que vem na rede,
As palavras cintilam
Na tarde de mar.”
Luís Maçarico, Jerba,
14-10-2002
Estrelas de Verão
“Às vezes sinto o odor
E o veludo das mãos
A voz adormecida
As palavras húmidas os olhos
Onde dormitavam estrelas
De verão
Às vezes desejo essas carícias
Perdidas na poeira do tempo
Levadas talvez pelo vento
Para que mar
Ou deserto?”
Luís Maçarico, 05-2002
Porque as homenagens sentidas
devem ocorrer em vida.
Foi no Sábado, dia 01 de Outubro
de 2008, que o conheci, aquando da apresentação do Mestrado em Portugal
Islâmico e o Mediterrâneo, em Mértola, no Campo Arqueológico. Quando o vi,
pensei que iria ser um dos professores do Mestrado ou um dos oradores
convidados. Logo nesse dia vislumbrei o grande ser humano que ali estava.
Logo no início do Mestrado, o
Luís e eu efectuamos um primeiro trabalho apresentado em conjunto, através de
uma análise de um artigo da arqueóloga Isabel Luzia. Demos o nosso melhor
(apesar da distância que nos separava durante a preparação da dita, sempre
navegando pelo mar da net, entre Lisboa e Beja), e julgo que estivemos bem,
sim. Conforme, meu amigo bem o disse no seu blog “Águas do Sul”: «aprendemos um
com o outro e ficamos bem na fotografia, pois toda a gente nos felicitou pela
informação apresentada.»
Atraiu-me a atenção a patrimónios
não raras vezes imperceptíveis: aldrabas, contrabando, mão de Fátima, só para
citar alguns exemplos.
Escrevemos estas linhas, pois
acreditamos firmemente naquelas palavras escutadas a um ancião em 2006, nas
proximidades da Serra da Estrela: “Grande Homem, rapaz? Grande Homem é aquele
que nos dá uma oportunidade!” As palavras não terão sido exactamente estas, mas
o seu significado sim.
Esta singela homenagem da nossa
parte, ocorre por múltiplos e variados motivos, que passamos a resumir:
- 1. O Luís foi a primeira pessoa, que sinceramente, achou que uma série de lendas e demais elementos patrimoniais que eu havia recolhido por estes espaços mais a Sul deveriam ser dadas à estampa;
- 2. É um verdadeiro amigo, na plenitude da palavra, amizade que iniciou o seu cultivo e caminhada em Outubro de 2008, durante a frequência do Mestrado em Portugal Islâmico e o Mediterrâneo;
- 3. É um Humanista Universal (poeta, antropólogo, associativista, escritor),e a sua obra retrata o melhor património de todos: as pessoas, seus sentimentos e complexidades.
Mas sem mais delongas, aqui
deixamos o seu registo biográfico, mas há muito mais Luís para conhecer para
além da sua escrita e recomendamos assim o seu trato e amizade. É algo que vale
muito a pena almejar e conservar, pois é puro, verdadeiro, como tudo o mais na
vida deveria de ser.
Natural de Évora, onde nasceu a
29 de Outubro de 1952.
Licenciado em 1994 pela
Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, em
Antropologia, com: “Barbeiros de Alcântara – A Identidade Masculina e Bairrista
entre Estratégias de Sobrevivência e Ameaças de Extinção.”
Completou em 2005, o Mestrado em
Antropologia (Património e Identidades), no Instituto Superior das Ciências do
Trabalho e da Empresa, com a tese subordinada ao tema: “Os processos de
construção de um herói do imaginário popular – o Caso de Santa Camarão.”
Em 2012, completou o seu segundo Mestrado
em Portugal Islâmico e o Mediterrâneo, com o seguinte tema de tese: “A Mão que
Protege e a Mão que Chama: Orientalismo e Efabulação em Torno de um Objecto
Simbólico do Mediterrâneo.”
Trabalha no Município de Lisboa.
Nos tempos livres é associativista, tendo sido fundador de várias associações desde
1982 e dirigente de colectividades.
Alguns livros publicados:
2010 – Associativismo,
Património e Cidadania, Confederação Portuguesa das Colectividades de
Cultura, Recreio e Desporto / Grupo Dramático e Escolar “Os Combatentes” /
Aldraba Associação do Espaço e Património Popular;
2009 – Aldrabas e Batentes de
Porta: uma reflexão sobre o Património Imperceptível, Aldraba Associação do
Espaço e Património Popular;
- Jóias Imperceptíveis em Portas de
Lisboa Aldrabas, Batentes e Puxadores nas Casas de Catorze Personalidades da
Cultura Portuguesa, Apenas Livros
2005 – Memórias do Contrabando
em Santana de Cambas um contributo para o seu estudo, Junta de Freguesia de
Santana de Cambas
Escritor de inúmeros artigos, dos
quais destacamos os seguintes:
2012 – A Importância dos
Objectos para a leitura do passado, Arqueologia Medieval, n.º 12, Campo
Arqueológico de Mértola, Afrontamento;
2007 – Os Heterónimos de um
Mistério: Azóias, Cubas e Morábitos no Imaginário Popular. O caso de
Montemor-o-Novo, Almansor, n.º 6, Câmara Municipal de Montemor-o-Novo;
2006 – Os Morábitos na
Arquitectura Religiosa do Sul, Callípole, Câmara Municipal de Vila Viçosa;
2005 – Aldrabas e Batentes de
Montemor-o-Novo: Um Olhar Antropológico, Almansor, n.º 4, 2ª série, Câmara
Municipal de Montemor-o-Novo
Publicou 19 livros de poesia:
2013 – Ilha de Jasmim,
Edição do Autor;
2012 – Geografia dos Afectos,
Edição Apenas Livros;
- Transumância das Pequenas Coisas, com o apoio da Câmara
Municipal de Castro Verde;
2008 – Cadernos de Areia,
Lisboa;
2006 – Ar Serrano, Edição
Câmara Municipal do Fundão;
2004 – Caligrafia do Silêncio,
Lisboa;
2001 – A Secreta Colina, Edição
Câmara Municipal de Lisboa;
2000 – Lisboa, Pegadas de Luz,
Edição Câmara Municipal de Lisboa;
1999 – A Celebração da Terra,
Edição das Câmaras Municipais de Évora e Montemor-o-Novo, Junta de Freguesia de
Nossa Senhora Da Vila e Delegação Regional de Cultura do Alentejo;
1998 – Os Peregrinos do Luar,
Lisboa;
- Lisboa, Cais das Palavras,
Edição Câmara Municipal de Lisboa;
1997 – O Sabor da Cal,
Edição da Câmara Municipal de Beja
- Vagabundo da Luz, Edição Liga
dos Amigos e Junta de Freguesia de Alpedrinha
1996 – Intim(a)Idade,
Lisboa;
1995 – Os Pastores do Sol,
Edição do Autor, versão trilingue (português, francês e árabe);
1994 – Lisboa, Asas de Água,
Edição Câmara Municipal de Lisboa;
1993 – A Essência, Lisboa;
1992 – Mais Perto da Terra,
Lisboa;
1991 – Da Água e do vento,
Átrio.
Milhares de versos publicados, na
comunicação social portuguesa e estrangeira. Através da sua veia poética,
despertou-nos a nossa poesia (que carece ainda de muita mestria e dialéctica
mais – e por certo carecerá para todo o sempre), que se encontrava adormecida
devido aos trilhos por vezes esquecidos e outrora trilhados com muito mais
ardor.
Diversos títulos publicados nas
áreas dos contos e literatura infantil, estando representado em múltiplas
antologias.
Nunca me esqueci também, de uma
frase que escutei um belo dia durante as minhas deambulações/prospecções pelas
serranias nortenhas e que era a seguinte:
“Há pessoas na vida,
Que passam e levam um
pouco dos outros
Outras, passam e
deixam um pouco de si.”
Bem haja amigo Luís por
partilhares um pouco de ti comigo/connosco, do fundo do coração.
Texto: Marco Valente
Bibliografia consultada:
MAÇARICO, Luís (2013): Ilha de Jasmim
-------------------- (2012): Transumância
das Pequena Coisas, apoio Câmara Municipal de Castro Verde;
-------------------- (2010): Associativismo,
Património e Cidadania, Edição do Autor;
-------------------- (2008): Cadernos de Areia,
Edição de Autor