O Fantasma que pede boleia
O Fantasma que pede
boleia é uma história com elos comuns a várias latitudes geográficas e com
raízes antiquíssimas.
Em Moçambique, também
observamos a mesmíssima lenda urbana.
Consiste no seguinte,
esta versão por nós escutada a Margarida de Fátima e registada a 01 de Março de 2018:
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Margarida de Fátima Dina Shevo Brança, 31 anos, Moçambique |
Era uma vez um senhor, aquilo de passear nas discotecas, sei lá o quê, e
conheceu uma moça.
Conheceu, passearam, conviveram juntos, levou de boleia para em casa
deixar. Deixou-a, emprestou o casaco e disse: “Qualquer dia que eu venho buscar
o casaco!” Ela estava com frio.
Tirou o casaco dele, deu. Deixou-a em casa, à porta de casa mesmo deixou e o
senhor foi-se embora de mota. Quando chegou, resolveu ao outro dia, vou buscar
o quê? O meu casaco com aquela moça. Quando chegou, chegou a casa daquela moça,
bateu à porta, pediu com licença e perguntou o nome daquela moça.
Disseram: “Essa moça morreu há muito tempo!” “Nós estávamos cá com ela!”
Disse: “Não! Eu há uns dias atrás estava com ela na discoteca, e eu
emprestei o meu casaco a ela, porque estava com frio!”
Disse: “Não ela morreu há muito tempo!”
Disse: “Não também, por acaso eu emprestei o meu casaco e está com ela!!!”
Disse: “Para você confirmar, vamos ao túmulo dela!”
E foram ao túmulo dela e encontraram o casaco pendurado na cruz.
É quando ele ficou assustado.
A ideia é: “Não dou mais
boleia a ninguém!”
Em Barcelos, foi recolhida nos anos 90 do século XX uma história similar (esta versão
escutei-a eu mesmo pessoalmente, no ano de 1995, mas com pormenores similares à
versão de Moçambique e Brasileira).
No Brasil, a versão de Alagoas já é contada desde há mais de 100 anos.
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Réplica da Capa Preta, da versão brasileira
(adicionada posteriormente ao túmulo) - foto de Carolina Sanches |
É como segue:
“Conta
a lenda que no início do século XX um homem conheceu em um baile uma bela moça
por quem se interessou. A partir daí, os dois ficaram juntos durante toda a
festa.
"A moça era linda. Quando
deu meia-noite ela quis ir embora e falou para o rapaz. Estava chovendo e ele
falou que a levaria em casa. O jovem então pegou a capa que trazia e a cobriu.
Eles saíram e ela pediu que ele parasse na porta do cemitério, onde ela ficou.
Mas antes disse o endereço", contou Antônio Fidelis dos Santos, 77, que faz
serviços de limpeza no cemitério há 35 anos e mora no bairro desde que nasceu.
De acordo com a narrativa, o homem foi até a
casa da moça. Lá, a família informou que não existia ninguém com o nome
informado morando no local, mas que era como se chamava a filha que já havia
morrido. Ele se recusou a acreditar no que ouviu e começou a achar que estava
sendo vítima de uma peça. Depois de muita conversa, eles foram ao cemitério
para que a família mostrasse o túmulo da jovem. Ao chegar no local, ele viu o
túmulo e a capa que lhe pertencia em cima da cruz.”