quinta-feira, 26 de maio de 2016

Poemas soltos (VIII)

À Chita (Acinonyx jubatus), animal indomável

Do Mar Mediterrâneo aos mares Cáspio e Aral
O seu reino já foi maior afinal

Quando era criança, queria correr como a Chita
As lágrimas negras e a face esbelta
As manchas no dorso adornando o seu corpo
Sonhara eu voar, correr sem parar

Nos documentários da BBC, ela era a rainha da Savana
Nomes de terras longínquas, que eu jamais ouvira até então
Afeganistão, Irão e até Uzbequistão…
Sons distantes que a terra abraça e emana

Da casa de um pobre miúdo de Gaia
Vogava eu assim no deserto onde o Sol raia
A sua cauda o meu leme, para estabilizar nas curvas
Horizonte longínquo, de linhas quentes bem turvas

Criatura mui nobre, das suas presas temível
Em estado de caça, usava o seu corpo flexível

E então aprendi, que no Mundo afinal
Ainda existia assim tão nobre animal
Mais uma espécie, milagre da vida

Jóia do deserto, noiva prometida.

Marco Valente
(escrito a 26/05/2016, sonhado "A Long Time Ago in a Galaxy Far Away", após ver um Programa da BBC, salvo erro com Sir David Attenborough).

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