“Para que o Mal prevaleça, apenas
é necessário que os Homens Bons nada façam.”
Algum tempo depois vim a saber
que o seu autor, Edmund Burke, a teria utilizado por forma a criticar os
excessos cometidos durante o período de terror a mando de Robespierre (também
ele vítima dos seus próprios actos). Burke acreditava assim que a revolução
francesa tinha sido um marco de ignorância e brutalidade, nomeadamente através
da execução brutal de "homens bons" como Lavoisier.
Porque também em Portugal muitos
foram os Homens Bons que tombaram lutando contra um regime ditatorial de
inspiração fascista, estes posts serão assim dedicados a todos aqueles que
usualmente a História tradicional não confere voz e às suas estórias de luta,
perseguições, abusos, tortura e morte sofridos às mãos de um regime ditatorial implacável
e castrador quer de corpos como de mentes, buscando assim confinar os portugueses à
dócil e acéfala mentalidade seguidista e congénere tacanhez de espírito.
Mas, sem mais delongas, aqui
fica o primeiro registo.
Testemunho do Sr. Francisco do
Carmo Martins, ou “Chico Borreguinho”, 83 anos, nascido e criado em Pias
(Serpa):
O pessoal do Algarve não tinha
trabalho e vinham para o Alentejo fazer as ceifas e nós ficávamos sem trabalho.
Juntaram-se algumas dezenas de pessoas (mais de sessenta) e fomos à Herdade dos
Canivetes pedir trabalho e protestar contra essa situação.
Veio a Guarda e a Pide e prendeu-nos a todos cerca de
quatro meses e meio em Caxias, interrogando-nos, sempre tentando saber quem
eram os chefes responsáveis pela organização de tal protesto. Ocorreram tais
factos cerca de 3 ou 4 anos antes do 25 de Abril de 1974.
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