sábado, 24 de maio de 2014

Fantasmas, vultos e sombras (II)

Existem sítios que propiciam o surgimento de relatos de aparições fantasmagóricas, uma vez que são locais onde o imaginário ligado à “última viagem”, o mundo dos mortos estará directamente ligado, nos nossos dias: cemitérios, orfanatos, hospitais, aeroportos[1] são alguns desses locais.
O Aeroporto de Beja / Base Aérea n.º 11 de Beja é um desses lugares. Nos seus terrenos surgiram vestígios de uma (ou mais) necrópole(s)[2] parcialmente intervencionada por colegas arqueólogos em 1968 e 1987. Só o facto de surgirem ossadas e enterramentos motivam o aparecimento de estórias relacionadas com os mesmos.
Não parece ser este o caso – devido aos pormenores descritos acerca dos episódios fantasmagóricos em si – que iremos relatar em seguida.
O informante deseja manter-se anónimo. Por tal facto respeitamos a sua vontade.

Fantasma do Alemão[3]

O Alemão era um militar, do tempo em que os alemães estiveram na base. Era ainda moço novo e, durante uma deslocação de mota no interior da base, numa curva da estrada (rotunda actual) o rapaz despistou-se e foi contra um sinal de trânsito que o cortou ao meio, matando-o. Dizem que o seu fantasma assombra o local.

Fantasma do Homem Alto com Chapéu

Na secção dos transportes ninguém gosta muito de lá ficar à noite. As portas (casas de banho, escritório) abrem e fecham sozinhas e escutam-se ruídos estranhos. Apagam as luzes ao sair e quase sempre estão acesas quando alguém entra nesse espaço na manhã seguinte.
À noite, quando os polícias militares fazem a ronda dizem que vêm um vulto de um homem alto, com chapéu a deambular pela pista da base. Quando se aproximam da dita silhueta para o questionar acerca dos motivos que o levam a estar naquele local, a mesma desaparece. Vários são os militares que ao fazerem a ronda avistam esta silhueta e a mesma história repete-se assim sucessivamente. Vão e vêm novos militares a contrato e a história continua, basicamente nos mesmos moldes. São sempre dois ou três a efectuarem a ronda, pois não lhes agrada a ideia de o fazer isoladamente, neste local específico.
Apenas de referir que a sombra em si costuma surgir junto/encostada a um sinal de Stop, mesmo ao pé da pista.


[1] Relatos de aparições de fantasmas em Bases Aéreas não são casos tão raros como isso. Tal é o caso do Labrador Preto que é avistado usualmente na Base Aérea da R.A.F. de Scampton (Reino Unido), ou ainda da mulher que se teria suicidado na Base Aérea de Nellis, localizada a Norte de Las Vegas (E.U.A.).
[2] Cemitério.
[3] A Base Aérea N.º 11 – BA11 situa-se nas proximidades da cidade de Beja, tendo sido criada em 1964 pela Portaria nº 20856 de 21 de outubro, data que passou a ser considerada como o "Dia da Unidade". A Base ocupa uma área de cerca de 800 hectares e foi construída com a finalidade de corresponder aos acordos bilaterais entre Portugal e a República Federal da Alemanha, no sentido de proporcionar facilidades de treino operacional à Força Aérea Alemã. Daí a relação com a nacionalidade descrita no episódio em questão.

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