sábado, 24 de janeiro de 2015

Etnografia (I) Arqueologia (II) Moinhos (I) Arte Rupestre (II)

"Cerro do Moinho Velho"

Aspecto do elemento estruturado, visto de Norte para Sul



Estrutura de funcionalidade indeterminada pelo que é observável nos nossos dias, mas, muito possivelmente moinho, conforme designação presente na respectiva Carta Militar do local, de planta circular, utilizando o xisto como matéria-prima base de construção.
No eixo EW apresenta um diâmetro de 6,50metros e no eixo NS de 5,80metros. Tem uma altura observável na actualidade entre os 1,50metros e os 1,90metros, desde a base da mesma. Ausência de materiais de qualquer tipo, observáveis macroscopicamente.

Levantamento em manga plástica das gravuras executadas sobre o elemento pétreo

Apresenta um elemento cruciforme gravado sobre uma espécie de globo virado a Este, que passamos a descrever de seguida: 

Levantamento Elemento Cruciforme sobre Globo
Gravura executada por picotagem presente na única pedra de ombreira da entrada, imediatamente acima da soleira que se encontra orientada para o ponto cardeal Este. 
Pormenor da ombreira onde podemos observar o elemento gravado

Representação do culto de São Salvador do Mundo ou sua mimetização posterior[1]? Seja qual tenha sido o motivo era um sinal protector colocado à entrada de uma estrutura, entrada que se encontrava voltada ao nascer do Sol e isso é evidente.




[1] Gostaríamos de apresentar seguidamente uma hipótese visando a execução da gravura em si. Proteção do local (se moinho, serviria para moer grão, com o qual se faria farinha para o pão). Não é raro surgirem elementos cruciformes gravados em vetustas pedras de moinhos, quer de vento como de água, muito pelo contrário.
Apenas um apontamento mais, acerca do culto de São Salvador do Mundo (que poderá aqui estar representado, ou não). Há uma festa que se celebra a 6 de Agosto, do Divino Salvador, São Salvador ou mais simplesmente O Salvador. O episódio da Transfiguração bíblico é o episódio que motiva todas estas representações salvíficas. Com forte conteúdo místico, assinala o ponto culminante da vida pública do Salvador (Jesus=Deus Salva), testemunhado por três dos seus apóstolos (a fazer fé nas escrituras):
“Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que, pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, alcançaram, por participação, uma fé tão preciosa como a nossa… Com efeito, não foi com base em hábeis fábulas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. Porque ele recebeu, de Deus Pai, a honra e a glória, quando, do seio da glória magnífica, lhe foi dirigida esta voz: Este é o meu filho muito amado, em quem pus todo o meu enlevo. Esta mesma voz que vinha do céu, a ouvimos, quando estávamos, com ele, no monte santo…” (2 Pe 1,1. 16-18).
O episódio ocorreu num alto monte, não longe do lago de Genesaré que depois foi identificado com o monte Tabor, nas proximidades de Naim. Ocorreu cerca de uma semana após o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes.
Na representação, Cristo, revestido de Luz, abre os braços, num gesto que lembra a crucifixão, mas, ao mesmo tempo, aparece suspenso no ar, no acto da Ressureição. O seu culto foi muito divulgado pelo Mundo. Deu nome a um país e a duas cidades (capital de El Salvador e São Salvador da Bahia de Todos os Santos, capital e sede da administração colonial do Brasil até 1763).
Geralmente a sua iconografia consiste no seguinte: Cristo transfigurado, glorioso, com o globo ou sobre o globo, vestes brancas, de mãos estendidas em Cruz e em Glória.

1 comentário:

Marco Valente disse...

Também se coloca a hipótese de poder ter sido uma atalaia.